Delegacia de Defesa da Mulher abriu investigação para apurar possível abandono de incapaz
Uma mulher de 79 anos foi resgatada em Avaré no dia 23 de junho de 2025, após uma força-tarefa coordenada pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) constatar que ela se encontrava em situação de vulnerabilidade e com mobilidade reduzida em sua própria residência, localizada em uma chácara na zona urbana da cidade. A ação contou com o apoio do SAMU, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SEMADS).
A intervenção da Polícia Civil e dos demais órgãos envolvidos teve, inicialmente, o objetivo de assegurar a proteção e garantir a integridade da idosa, bem como prover os cuidados necessários à sua sobrevivência. “A investigação criminal é um segundo passo, que está sendo dado cuidadosamente”, declarou a delegada titular da DDM, Janaína Jacolina Morais.
As investigações tiveram início a partir de uma denúncia anônima registrada em setembro de 2024, relatando um possível caso de abandono da idosa, que vivia isolada, em condições precárias e, supostamente, sofrendo abusos patrimoniais por parte de terceiros. Segundo a denúncia, indivíduos estariam se aproveitando de sua fragilidade para obter benefícios indevidos.
Durante diligências realizadas ainda em 2024, a equipe policial enfrentou dificuldades para manter contato com a idosa, que demonstrava resistência em receber visitas e recusava qualquer tipo de ajuda. Foi necessário o envolvimento de seus dois filhos, residentes em outras cidades, para que ela permitisse a aproximação da equipe, acompanhada por representantes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Na ocasião, a idosa consentiu apenas a entrada no quintal, negando acesso ao interior da residência.
Em depoimento à Polícia Civil, os filhos informaram que a mãe vive sozinha há mais de 30 anos, é aposentada e possui imóveis em outras cidades, atualmente desocupados. Relataram, ainda, que ela apresenta um histórico de comportamento arredio, recusando apoio financeiro e pessoal. Afirmaram que a mãe dispensa o convívio familiar, automedica-se e não aceita a presença de cuidadores.
Em nova diligência, realizada no dia 23 de junho de 2025, a força-tarefa obteve autorização para entrar na residência, onde constatou que a idosa se encontrava acamada havia cerca de 18 dias, em decorrência de uma queda. Conforme relato de uma testemunha, ela havia recusado atendimento médico e vinha sendo assistida apenas por um vizinho, que a ajudava com alimentação e higiene. As condições do imóvel foram descritas como insalubres, com fezes de animais, presença de ratos, acúmulo de objetos, muita sujeira e odor forte.
A idosa foi encaminhada imediatamente a um hospital particular de Avaré e, após avaliação médica, transferida para uma clínica de repouso na cidade. Ela deverá ser convidada a prestar esclarecimentos nos próximos dias.
A Delegacia de Defesa da Mulher instaurou inquérito policial para apurar os fatos, com base no artigo 133 do Código Penal, que trata do crime de abandono de incapaz.
Outras pessoas próximas à vítima também foram ouvidas, confirmando sua resistência à ajuda e o isolamento voluntário. Foi solicitado apoio de uma organização local de proteção animal para o recolhimento provisório de diversos cães que eram mantidos na propriedade.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil.
Setor de Comunicação Social da Delegacia Seccional de Polícia de Avaré