Em cada lembrança, um ensinamento. Em cada gesto, uma marca de amor. Na história de vida de Pedro Corona (Taguaí), a paternidade se revela como missão sagrada, construída com escuta, trabalho, firmeza e um afeto que atravessa gerações
Pedro é um nome conhecido e admirado por onde passa. Durante sua vida desempenhou vários papeis. Ele é servidor público aposentado, ex-diretor de escola e ex-secretário de educação de Taguaí, músico, dono de hotel, barbeiro. Mas entre os tantos papéis que desempenhou com dedicação ao longo da vida, um deles brilha de forma especial: ser pai.
Aos 79 anos, pai de Joana e Rafael, casado com Cleusa, com 4 netos, Cecília, Beatriz, Felipe e Gabriel, Pedro fala da paternidade com um olhar que mistura saudade e realização. “Muda tudo: a casa, a rotina, o jeito de pensar…”, conta, relembrando o nascimento dos filhos, momentos marcados por ansiedade, expectativa e, principalmente, bênçãos. A vida ganhou outro ritmo, e com ela veio também a certeza de que educar é um ato diário de responsabilidade.
Filho mais velho de uma família com nove irmãos, Pedro sabia desde cedo o valor da união e do cuidado mútuo. Levou isso para a criação dos filhos, sempre com base na escuta, no diálogo e na presença. “Antes você cuida de si, depois da esposa, e depois da criança. Mas é a parte mais gostosa também”, diz, com a simplicidade de quem viveu tudo de forma plena.
A casa da família sempre foi um lar de histórias: tombos de bicicleta, festas de formatura, casamentos celebrados com esmero, e, hoje, os netos que começam a aprender, desde cedo, o valor do esforço. Uma cena recente ficou marcada em sua memória: os netos pequenos pedindo para ajudá-lo a carregar mesas durante um trabalho. “Disseram que queriam trabalhar. Me emocionei. Estão aprendendo que nada vem fácil.”
Pedro acredita que educar é ser exemplo, mas também é saber dizer “não” com explicação e coerência. “O filho precisa confiar em você”, afirma.
Um pai, um educador, uma referência
Rafael, seu filho, o descreve como “uma inspiração diária”, alguém que, mesmo nos momentos mais difíceis, era fonte de calma e orientação. “Sempre teve um conselho, uma lição de vida. Sempre muito presente, principalmente depois da aposentadoria, quando teve mais tempo para viver conosco”, conta.
Entre as lembranças que guarda com carinho, está o tempo em que viveram na biblioteca da escola em Riversul, quando Pedro assumiu a direção da unidade. E também a história da infância do pai, quando ele se inscreveu para ser padre escondido da família e partiu para o seminário em Curitiba. “Ele foi buscado de jipe pelo padre. Tinha só dez anos!”.
Outra cena inesquecível para Rafael é o relato das longas cavalgadas que Pedro fazia para dar aulas no bairro Fundão, em Taguaí. “Ia a cavalo, 24 km por dia, com chuva ou sol. Ele brinca que ninguém andou mais a cavalo do que ele”, ri, com orgulho.
Um amor que toca gerações
Joana, a filha mais velha, define o pai com três palavras: trabalho, superação e exemplo. “Como pai, ele foi amoroso, presente, cuidadoso. Ajudava nas tarefas, ensinava português e matemática, contava histórias inventadas para me fazer dormir. Foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta. Cantava e tocava piano com a gente… Eu tive uma infância maravilhosa.”
Mesmo morando longe há mais de 30 anos, Joana nunca deixou de sentir a presença do pai em sua vida.
“Às vezes me pergunto se estou sendo uma boa filha. Mas sei que o que mais importa pra ele é saber que estou vivendo bem, com os valores que ele e minha mãe me ensinaram.” Esse ano, ela estará ausente no Dia dos Pais, por um motivo nobre: sua filha, Cecília, neta de Pedro, inicia a faculdade de Arquitetura e Urbanismo na USP. “Ele vai entender… e se encher de orgulho.”
Para ela, o maior ensinamento que leva do pai é a honestidade, a bondade e a calma diante da vida. “A vida do meu pai daria um livro. Ele nos mostrou que a educação, o trabalho árduo e a fé constroem caminhos. Tudo o que somos devemos a ele. É minha maior inspiração e orgulho.”
O legado de um pai exemplar
Na serenidade dos quase 80 anos, Pedro colhe o que semeou com tanto zelo: amor, respeito e admiração. Seu dia a dia ainda é marcado pela convivência com os filhos, almoços em família, churrascos no fim de semana e, claro, muitos momentos ao lado dos netos.
A história de Pedro Corona é, antes de tudo, a história de um homem que escolheu viver com propósito e fez da paternidade um exemplo de coragem, afeto e compromisso. Um pai que marcou vidas.