Segundo relatório da Climate Bonds Initiative, em 2021, as emissões de títulos “verdes” ultrapassaram, pela primeira vez, a marca de US$ 500 bilhões. São recursos que podem ajudar o Brasil a se manter como um dos principais atores do Agro mundial.
No Brasil tínhamos uma agricultura explorada de forma muito tradicional, com pouca utilização de máquinas e praticamente nenhum fertilizante. A pauta de exportação concentrava-se no açúcar e no café, com destaque, em determinados períodos, para o algodão, a borracha e o cacau.
A acelerada urbanização a partir dos anos 1960 e a crescente demanda por alimentação deixavam claro que era preciso um modelo agrícola que aumentasse a oferta de alimento. Além disso, uma agricultura moderna desempenharia um papel crucial no processo de substituição das importações.
O que se viu ao longo das décadas seguintes surpreendeu até os mais otimistas. De importador, o Brasil se transformou, em apenas 60 anos, em um grande provedor de alimento para o mundo.
Mas para isso, foi preciso superar um grande desafio: a incapacidade da nossa agricultura tropical de produzir em larga escala variedades agrícolas originárias de clima temperado. A criação da EMBRAPA, em 1973, deu a largada para o que ficou conhecido como a “tropicalização dos cultivos”, abrindo as porteiras para o aproveitamento de terras do Cerrado, consideradas, até então, inadequadas para a agricultura.
O pacote tecnológico trazido pela Revolução Verde (máquinas, insumos e assistência técnica) foi fundamental para esse sucesso, porém, jamais alcançaríamos esse patamar sem um maciço programa de pesquisas destinado a prover tecnologia moderna à agricultura brasileira. O Agro foi, em resumo, forjado a partir de muita ciência (tecnologia e inovações), da assertividade das políticas públicas e da competência dos agricultores.
Porém, se somos convocados a aumentar nossa produção, estamos sendo chamados também a concentrar esforços no desenvolvimento de sistemas produtivos que utilizem mais racionalmente os recursos naturais e sejam menos impactantes ao meio ambiente. Hoje não basta produzir. É preciso que essa produção respeite as fragilidades ambientais. Estamos, portanto, diante de uma nova revolução: a da sustentabilidade.
É necessário reaproveitar as áreas degradadas, aumentar a utilização de fontes de energia limpa, como a biomassa, evitar a poluição dos solos e dos recursos hídricos, controlar as queimadas e investir em ações de reflorestamento - um dever de casa que o Brasil vem fazendo.
Desde 2010, o Ministério da Agricultura vem implementando ações que estão acelerando a migração da agricultura nacional para um modelo de baixa emissão de carbono, conhecido como Plano ABC. Um plano que está disseminando, no campo, sistemas sustentáveis de produção.
Portanto, se as palavras de ordem agora são preservação, rastreabilidade, bioinsumos, energias renováveis, o Brasil tem todo o potencial de produzir alimentos únicos e alinhados com as demandas dos mercados mais exigentes. Mas precisamos acelerar ainda mais essa transição, pois estão se consolidando, por todo o mundo, novos padrões de consumo que vão, certamente, conformar as cadeias produtivas do agronegócio.
Os países estão sendo cobrados, cada vez mais, em aumentar a sua ambição no que diz respeito a uma gestão mais racional do uso da terra, que proteja a natureza e regenere o sistema de produção de alimentos. Certamente, essa discussão se aprofundará no Egito, onde acontecerá a COP-27, e o Brasil, por sua importância agrícola, será colocado no centro do debate.
‘“Reafirmar o compromisso com uma agricultura sustentável pode uma grande oportunidade para o Agro nacional”.
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